14 de dez. de 2009

Conspirações do próximo ano

O final de ano, além de ser época do Natal, férias para muitos, reveillon, verão, etc., também abre a temporada de análise sobre o ano que se passou e de tentar projetar como deve ser o próximo. Desta vez, no entanto, é um pouco mais interessante em face do descompasso entre o que se esperava e o que foi este ano de fato. Ao final de 2008, além da maré de pessimismo, muito se dizia sobre o buraco sem fundo em que o país estava por entrar. Investimentos cancelados, vagas de emprego cortadas, bolsa de valores em queda livre. Esse cenário realmente deve constar nas imagens de retrospectiva de 2009 – mas apenas do primeiro trimestre, basicamente. No que concerne ao varejo, o crescimento continuava positivo, mas nem parecia, em função da comparação com as eufóricas taxas de 10% observadas ao longo de praticamente todo o ano passado. O fato é que o varejo realmente teve uma alteração no padrão de crescimento e na ordem de grandeza de seu ritmo de expansão. Nos dois anos anteriores o crescimento havia sido superior a 9% e com grande contribuição de setores de bens duráveis, tais como eletrodomésticos, móveis, informática e telefonia, etc. Em 2009, o crescimento deve “apenas” superar 5%, com impacto positivo essencialmente vindo de segmentos de bens essenciais, como super e hipermercados e farmácia, perfumarias, etc. Em 2010, o varejo reúne todas as condições para retomar o padrão anterior de crescimento anterior, ou seja, mais forte e com presença marcante de bens de consumo de maior valor. As taxas de juros estão nos patamares mais baixos da história recente, em função da política econômica anticíclica adotada pelas autoridades monetárias e a redução do spread bancário (diferença entre custo de captação de recursos e seu empréstimo ao tomador final). A taxa de inadimplência, que impediu recuo maior das taxas de juros, já está em seu menor nível desde o início do ano. A massa salarial, que não deixou de crescer nem mesmo no momento mais agudo da crise, deve voltar a acelerar à medida que o mercado de trabalho se aqueça – e entre setembro e outubro as pesquisas apontavam taxas de desocupação muito semelhantes ao período prévio à crise internacional. Tudo isso resulta em mais salários e mais consumo. Além do mais, vai ser ano de Copa do Mundo e eleições, eventos cujo reflexo positivo na economia são praticamente tidos como consenso. Desde 2004 o varejo tem crescido sistematicamente acima do PIB. Em 2009, a diferença foi de goleada (algo em torno de 5% a zero). No próximo ano, o mercado espera crescimento em torno de 5% do PIB e mais uma vez o varejo deve superar a economia como um todo. Ou seja, tudo conspira para que 2010 seja um próspero ano.
Marcelo Waideman, GS&MD

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