17 de nov. de 2014

Marketing das Montadoras


A desaceleração da  economia e a  consequente retração nas vendas de automóveis,  provavelmente  farão de 2014 o pior ano para  o setor desde 2010, impondo  desafios aos profissionais de marketing em elaborar estratégias para assegurar posicionamento  da marca e participação nas vendas de automóveis e comerciais leves.
O marketing reflete o  sentimento do mercado. Mas também precisa antecipar o futuro, construir uma visão mais otimista  e observar nichos e oportunidades. Com o fechamento da 28ª edição do Salão Internacional do Automóvel,  domingo 9 registrou-se o segundo ano de  redução nas vendas, a preocupação concentrou-se nas possíveis estratégias de marketing, para esperar um novo ciclo de  crescimento.
Apesar do cenário pouco otimista nos resultados, as fabricantes não desistiram de lançar novos produtos e em marketing vislumbrando o grande potencial de mercado brasileiro. Ao analisar os cinco maiores do mundo, o Brasil está atrás de China, Estados Unidos e Japão, disputando palmo a palmo o quarto posto com a Alemanha.
O otimismo das montadoras concentra-se  nos indicadores  entre a relação habitante/ veiculo no País. Nos Estados Unidos o índice é de 1,2 habitante  por carro, na Europa é de 1,7 e no Brasil 4,4. De  acordo com a Fenabrave - Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, para  chegarmos nos níveis de motorização da Europa, teremos que  crescer a frota em 50 milhões, criando uma infraestrutura necessária, compreendendo que o aumento se dará fora das grandes metrópoles.
Nesses cenários as montadoras se apoiam em estratégias de marketing  agressivas e na renovação do portfólio. A Volkswagen vai investir R$10 bilhões até 2018  em novos produtos e tecnologias no Brasil, atualmente com 23 modelos, 15 deles nacionais ou produzidos no Mercosul, e oito importados, as estratégias de marketing incluem feirões, planos especiais temporários para determinados modelos.
No caso da Ford,  os  investimentos  em marketing cresceram nos últimos dois anos, a  estratégia concentrou-se na cadência de lançamentos para  globalizar toda sua linha, o que foi completado agora em 2014 com a chegada do novo Ford Ka, importante  lançamento que  tem ajudado a Ford a crescer em volume e participação de mercado.
O setor dominado por quatro companhias Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford,  correspondem  por 70,9% dos emplacamentos de automóveis e  comerciais leves do País. Foi na década de 1990, que o mercado foi aberto para veículos importados com apenas cinco companhias produzindo no Brasil, desde então, a concorrência  não parou de crescer, agora, já são 16  empresas com produção local, e com 25 modelos  comercializados,  já em 2013 são 220 modelos produzidos no Brasil à disposição do consumidor.
Dos modelos presentes no Brasil, as lideres no varejo  em participação nas  vendas, concentra-se  entre as cinco  GM, 17,85%, Fiat 16,94%, Volkswagen 13,99%, Ford 10,06% e Hyundai 8,98%. Mesmo com verbas menores para o marketing, aumentam  os  esforços de varejo, verifica-se muitas marcas queimando sua imagem com comunicação excessivamente varejista, entupindo a mídia de ofertas, concentrando-se na guerra de preços, acabando por sacrificar a rentabilidade, gerando uma aura indesejada para um produto que, no Brasil, ainda  está muito vinculado à conquista pessoal e familiar, desvalorizando esse importante  aspecto.
A presença digital já é realidade na equação que procura ponderar as doses de investimento nas necessidades promocionais de curto prazo, e  de constante construção de imagem de marca. Nesta quarta feira 12, a Volkswagen lançou uma das maiores promoções já feitas pela marca no Brasil. Sorteará 40 modelos  Up ao longo de 40 dias entre pessoas que fizerem test drive nas concessionárias.
Quem comprar um carro no período concorre a um Golf com cinco anos de combustível. Como toda boa estratégia de marketing é importante  ressaltar que  em momentos de vendas em baixa, não se pode focar só  no agora.
Mesmo  com um cenário de crescimento tímido, é preciso pensar em como atuar em um mercado em que a euforia já passou,  não podemos  esquecer que o consumidor já se acostumou com  nova dinâmica de mercado, com ciclo de vida mais curto da linhas de produtos.
A guerra de preços pode comprometer imagem das marcas, mas,  ajuda no giro de  estoque e na sustentabilidade financeira. 
Antonio Carlos Giuliani: professor e coordenador dos cursos de Mestrado Profissional e Doutorado em Administração e MBA em Marketing e Negociação. - UNIMEP. E-mail: giuliani.marketing@uol.com.br



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