26 de nov. de 2015

Black Friday e o Natal



Antonio Carlos Giuliani

Considerado a grande  festa  de  consumo do varejo, sua  origem é genuinamente norte  americana, nasceu na  Filadélfia, no inicio dos  anos 1960, e  até hoje é realizada no dia  seguinte ao feriado de Ação de Graças, o Thanksgiving Day.
Nessa promoção as  lojas abrem suas portas  às 4 horas da madrugada e  vendem seus produtos com descontos de  até 80% de  descontos. Lá o  sucesso da  data é  tanto que a corrida de consumo gera  congestionamentos incríveis e filas que  dobram os  quarteirões.
E, na  semana seguinte para  quem ainda  quer  aproveitar as  liquidações, foi criada  a  Cyber Monday, para  compras on-line. No Brasil a Black Friday se  adaptou aos  hábitos locais sendo considerado o queridinho pelos  consumidores.
Em 2014, as peculiaridades  do calendário (com Carnaval em março, Copa do Mundo em julho e  eleições  em outubro) e  a  estagnação da  atividade  econômica nacional,  colaboraram para atribuir ao calendário promocional do varejo como data importante  para girar o  estoque, uma vez  que, o  acumulo de  estoque do  varejo decorrente a um ano com baixas  vendas, perda de poder  aquisitivo do consumidor, levou a procura por  descontos  e  facilidades no pagamento.
A efervescência da Black Friday aconteceu no  ambiente virtual, uma vez que no Brasil nasceu puramente no meio digital, fazendo parte do calendário  oficial do e-commerce  brasileiro. Nos primeiros  anos da promoção, os lojistas  desconfiavam se a Black Friday se  tornaria  relevante.
Hoje, percebem que não podem ficar  de fora, a primeira edição do  evento  em 2010 contou com pouco mais de  dez  lojas, na quinta  edição de 2014 contou com centenas  de lojas. A novidade foi  um crescimento na participação de lojas  físicas, a megaliquidação  saiu das  telas e foi para  as ruas.
Foram muitas lojas  aderindo  e  apresentando em suas  vitrines descontos convidativos  e,  algumas optaram até por horários especiais registrando aumentos de  até 40% nas  vendas. O varejo já incluiu em seu calendário promocional,   a data para  gerar  crescimentos de  vendas  significativos.
Para 2015, considerado o principal evento do calendário comercial do País promete ser movimentado, especialmente no  e-commerce, mas não será capaz de reverter o resultado do  ano. Com consumidores cada vez mais críticos e agora com o poder de compra abalado, as equipes de marketing terão uma tarefa extra para converter a necessidade ou o desejo dos clientes, em compra e também preservar o relacionamento num momento de  dificuldade.
Gostaria de ser otimista com resultados positivos, mas, os fatos, infelizmente, não permitem. Todas as datas comerciais deste ano foram abaixo das de 2014. Com demanda  desestimulada, com a situação econômica nada auspiciosa a data pode competir com o Natal.
Com descontos maiores em eletrônicos, nas  edições anteriores verificou-se geração de vendas extras, mas esse ano veremos uma divisão. Com a facilidade de comparar preços na internet, o e-commerce deve ter um desempenho recorde na Black Friday segundo a E-bit/Buscapé, 81% dos e consumidores, têm  intenção de comprar na Black Friday  e,  7% afirmam que comprarão se identificarem um bom preço.  
A  experiência de consumo que foi prazerosa nos últimos dez anos se torna frustrante, após um período de sonho com aumento de poder  de compra e entrada pela porta da frente no mercado de consumo, a nova classe média experimenta outras sensações. Antes era um sentimento de perda por não realizar o sonho na velocidade esperada, agora é perda de conquista.
Embora, o desejo de consumo continua, mas com o ajuste fiscal doméstico, os consumidores  estão exercitando o jogo de cintura para manter um padrão próximo ao  alcançado nos últimos anos. O discurso baseado apenas no preço ou na economia pode não ser o mais indicado.
As marcas que souberem vender um produto valorizando a opção mais pelo benefício do que pelo preço, podem se dar bem . Nesse momento em que o consumidor  cada vez está mais racional,  represado de consumo e em meio a tantas ofertas, as marcas devem elevar o componente  emocional.
Só preço destrói o valor  da marca.




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