Antonio Carlos Giuliani
Considerado a grande
festa de consumo do varejo, sua origem é genuinamente norte americana, nasceu na Filadélfia, no inicio dos anos 1960, e
até hoje é realizada no dia
seguinte ao feriado de Ação de Graças, o Thanksgiving Day.
Nessa promoção as
lojas abrem suas portas às 4
horas da madrugada e vendem seus
produtos com descontos de até 80%
de descontos. Lá o sucesso da
data é tanto que a corrida de
consumo gera congestionamentos incríveis
e filas que dobram os quarteirões.
E, na semana seguinte
para quem ainda quer
aproveitar as liquidações, foi
criada a
Cyber Monday, para compras
on-line. No Brasil a Black Friday se
adaptou aos hábitos locais sendo
considerado o queridinho pelos consumidores.
Em 2014, as peculiaridades
do calendário (com Carnaval em março, Copa do Mundo em julho e eleições
em outubro) e a estagnação da
atividade econômica nacional, colaboraram para atribuir ao calendário
promocional do varejo como data importante para girar o
estoque, uma vez que, o acumulo de
estoque do varejo decorrente a um
ano com baixas vendas, perda de poder aquisitivo do consumidor, levou a procura
por descontos e
facilidades no pagamento.
A efervescência da Black Friday aconteceu no ambiente virtual, uma vez que no Brasil
nasceu puramente no meio digital, fazendo parte do calendário oficial do e-commerce brasileiro. Nos primeiros anos da promoção, os lojistas desconfiavam se a Black Friday se tornaria
relevante.
Hoje, percebem que não podem ficar de fora, a primeira edição do evento
em 2010 contou com pouco mais de
dez lojas, na quinta edição de 2014 contou com centenas de lojas. A novidade foi um crescimento na participação de lojas físicas, a megaliquidação saiu das
telas e foi para as ruas.
Foram muitas lojas
aderindo e apresentando em suas vitrines descontos convidativos e,
algumas optaram até por horários especiais registrando aumentos de até 40% nas
vendas. O varejo já incluiu em seu calendário promocional, a data para
gerar crescimentos de vendas
significativos.
Para 2015, considerado o principal evento do calendário
comercial do País promete ser movimentado, especialmente no e-commerce, mas não será capaz de reverter o
resultado do ano. Com consumidores cada
vez mais críticos e agora com o poder de compra abalado, as equipes de
marketing terão uma tarefa extra para converter a necessidade ou o desejo dos
clientes, em compra e também preservar o relacionamento num momento de dificuldade.
Gostaria de ser otimista com resultados positivos, mas, os
fatos, infelizmente, não permitem. Todas as datas comerciais deste ano foram
abaixo das de 2014. Com demanda
desestimulada, com a situação econômica nada auspiciosa a data pode
competir com o Natal.
Com descontos maiores em eletrônicos, nas edições anteriores verificou-se geração de vendas
extras, mas esse ano veremos uma divisão. Com a facilidade de comparar preços
na internet, o e-commerce deve ter um desempenho recorde na Black Friday
segundo a E-bit/Buscapé, 81% dos e consumidores, têm intenção de comprar na Black Friday e, 7%
afirmam que comprarão se identificarem um bom preço.
A experiência de
consumo que foi prazerosa nos últimos dez anos se torna frustrante, após um
período de sonho com aumento de poder de
compra e entrada pela porta da frente no mercado de consumo, a nova classe
média experimenta outras sensações. Antes era um sentimento de perda por não
realizar o sonho na velocidade esperada, agora é perda de conquista.
Embora, o desejo de consumo continua, mas com o ajuste
fiscal doméstico, os consumidores estão
exercitando o jogo de cintura para manter um padrão próximo ao alcançado nos últimos anos. O discurso
baseado apenas no preço ou na economia pode não ser o mais indicado.
As marcas que souberem vender um produto valorizando a opção
mais pelo benefício do que pelo preço, podem se dar bem . Nesse momento em que
o consumidor cada vez está mais
racional, represado de consumo e em meio
a tantas ofertas, as marcas devem elevar o componente emocional.
Só preço destrói o valor
da marca.
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