23 de mai. de 2016

O fim das lojas de calçados multimarcas está próximo




Este artigo é fruto de uma pergunta que me foi feita, quando estava na  presença de um grupo de lojistas associados à ABLAC – Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados. Estávamos fazendo uma comparação das boas práticas adotadas nas lojas monomarcas e a realidade da maioria das lojas multimarcas. A diferença entre os dois modelos é brutal e a pergunta do varejista foi direta: “As lojas multimarcas vão morrer?"

De fato, é um artigo provocativo, mas há dados concretos de movimentos deste segmento do varejo que levam a afirmação exposta no título dele.

As lojas especializadas de calçados multimarcas, com proposta de atender toda a família, também conhecida no mercado como sapatarias, têm obtido resultados e crescimentos muito inferiores, quando comparado às lojas monomarcas especializadas, ou segmentadas por público.

É fato que o mercado multimarcas é um segmento do setor calçadista muito pulverizado e sem a presença de uma marca com cobertura nacional que atue de forma representativa e consistente. A maior rede multimarcas no Brasil em número de pontos de venda é a Paquetá, que atualmente possui não muito mais que 200 pontos de venda (considerando todas as marcas do grupo, inclusive franquias). Para efeito de comparação, somente o Grupo Arezzo (com suas quatro marcas bem posicionadas e direcionadas para públicos específicos) já conta com mais de 500 lojas.

De maneira geral, as lojas multimarcas são empresas familiares que passam por um processo lento de profissionalização e é ainda muito comum a presença da primeira geração no dia a dia do negócio e, como consequência, um alto grau de resistência às mudanças. Os velhos métodos, ortodoxos ou não, que deram certo no passado e contribuíram para o crescimento não são garantias de sucesso hoje.

Este tipo de empresa precisa estar atenta ao que ocorre ao seu redor. Tem que estar disposta a mudar o jeito de pensar. Precisa colocar o consumidor no centro das decisões, pois ele está em constante processo de mudança, cada vez mais empoderado, exigindo mais das marcas e das lojas e com muito mais acesso à comparação de preços ou àquilo que está na moda, por exemplo.

Muita calma nessa hora...Nem tudo está perdido, mas o desafio é grande para o segmento calçadista.

A palavra de ordem continua sendo o aumento da produtividade e eficiência, porém, não se devem postergar as estratégias de diferenciação. Somente assim as marcas estarão preparadas para superar a crise, já que, como sabemos, historicamente ela tem data de validade.

GS&MD: Luiz Alexandre de Paula Machado é head de Entrega de Projetos da GS&AGR Consultores

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