29 de jan. de 2010

Sustentabilidade

O tema da sustentabilidade “ampliada” – que engloba questões ligadas a meio-ambiente, saúde, preocupação social e cidadania – entrou definitivamente na pauta estratégica do varejo. O assunto ganha espaço não só pela sensibilidade ao tema ou pelo ganho de imagem que a empresa e suas marcas podem auferir; mas principalmente porque faz sentido economicamente. Sustentabilidade, bem praticada, permite reduzir desperdícios e perdas, diminuir custos e gerar receitas adicionais; além disso, aproxima e engaja clientes, fornecedores e colaboradores.
O grande nome da sustentabilidade no varejo é o Walmart. A causa permitiu o reposicionamento da marca, conciliou sua proposta de valor racional com elementos emocionais e reduziu drasticamente a rejeição à empresa. O pragmatismo e perseverança que o Walmart demonstra são lições para outras empresas de varejo.O programa do Walmart teve início em 2005 e foi estruturado a partir de três megametas (a visão): alcançar 100% de uso de energia renovável; zerar resíduos; vender produtos que ajudem pessoas e o ambiente. A execução se dá com o que é definido como “abordagem 360º”, porque envolve operações, fornecedores, consumidores e colaboradores. A colaboração com fornecedores vem gerando resultados tangíveis: por exemplo, 33% de redução no consumo de energia de TVs; e 100% dos produtos disponíveis no sortimento das lojas certificados com o selo Energy Star. A empresa criou o Índice de Sustentabilidade, que analisa o ciclo de vida dos produtos para medir o impacto ambiental de matérias-primas, processo de fabricação, distribuição, consumo e descarte. O índice avalia questões como fontes renováveis, nível de poluição no processo de fabricação, consumo de energia e grau de reciclagem. Por meio de check-list padronizado de 15 questões, os fornecedores são avaliados e ranqueados em relação à sustentabilidade sócio-ambiental. A escala da operação do Walmart faz com que pequenas ações gerem grande impacto. Por exemplo, a empresa alcançou US$ 200 milhões em economia anual de combustíveis por aumento de eficiência na gestão de sua frota de veículos; até mesmo medidas banais, como desligar as luzes de vending machines de lojas, podem gerar economias de US$ 1,4 milhão por ano. O aprendizado do Walmart está no foco, mensuração, análise de retorno de suas ações e envolvimento de toda a cadeia de valor na causa, que ajuda o planeta, melhora a imagem da marca e é contribui para os resultados da empresa.
Pode-se concluir que a implantação de programas de sustentabilidade no varejo pressupõe alguns elementos: ter metas e métricas claras e compartilhadas em todos os níveis da empresa e seus fornecedores; contar com o comprometimento da cúpula – o processo vem de cima; praticar o que se prega e ter consistência nas ações; e avaliar impacto e retorno econômico das frentes de ação. Sustentabilidade caminha junto com lucratividade. Negócios sem rentabilidade não são sustentáveis. No futuro não haverá lojas “verdes”, pois todas elas serão. O aprendizado e a disseminação de boas práticas tornarão as questões ambientais, trabalhistas e de relação com a comunidade commodities entre as empresas de varejo. E o planeta agradecerá.
Fonte: GS&MD

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