23 de mar. de 2010

Rede Elektra tropeça no Brasil

Claras, limpas, climatizadas, produtos dispostos de forma organizada, funcionários empenhados em atender bem. Porém, faltam clientes nas lojas da rede mexicana Elektra, do bilionário empresário Ricardo Salinas. O que há dois anos era uma promessa virou um símbolo de rejeição no varejo pernambucano. E agora culmina com três executivos da empresa indiciados pela polícia por vários crimes, entre eles formação de quadrilha.Na última quinta-feira, a delegada Genezil Coelho, titular do 10º Distrito Policial do Recife (no bairro de Mustardinha), concluiu e encaminhou à Justiça o inquérito aberto por causa das queixas de clientes que alegaram constrangimento provocado por cobradores que trabalhavam em empresas contratadas pela Elektra. Quatro executivos, três deles da Elektra - o diretor-presidente na época, um supervisor de sistemas e o gerente regional de crédito e cobrança -, foram indiciados por formação de quadrilha, violação de domicílio, constrangimento ilegal e ameaça. O advogado da empresa, Tiago Lima, diz que não pode comentar o caso da delegacia de Mustardinha. "Não tive acesso ao inquérito. A delegada não deveria ter divulgado a conclusão. Como advogado, acho que é uma atitude ilegal", critica.A realidade da rede Elektra hoje é bem diferente da badalação que se viu na inauguração do seu primeiro ponto de vendas, na Avenida Beberibe, em um bairro de baixa renda do Recife (PE). O evento, em março de 2008, teve presenças ilustres, como o próprio presidente da companhia, Ricardo Salinas, e do presidente Luís Inácio Lula da Silva. O Grupo Salinas chegou ao Recife - escolhido como seu quartel-general no País - fazendo alarde, com a promessa de abrir 1.500 lojas da bandeira varejista Elektra e do Banco Azteca em cinco anos. Depois de 23 meses, a rede tem 18 unidades. O banco abriu apenas uma agência, além de postos de atendimento nas lojas da Elektra.O diretor-geral do Banco Azteca, José Francisco Cordeiro, que assumiu a função em agosto do ano passado, diz que a revisão do plano de investimentos é resultado da crise econômica global. "O Brasil foi dos menos afetados e existe confiança por parte do acionista. Mas o momento ainda é de compasso de espera." Em quase dois anos, o grupo chegou a uma carteira de R$ 25,3 milhões, entre empréstimos pessoais e Crédito Direto ao Consumidor (CDC), num total de 45,5 mil contratos. Segundo Cordeiro, neste ano não há planos para inauguração de outras agências bancárias, mas serão abertas 15 lojas Elektra, duas delas no modelo míni. São pontos com uma oferta bem menor de itens, onde o consumidor pode escolher a maioria das mercadorias por meio de catálogos. O investimento neste ano deve chegar a R$ 15 milhões - cada loja custa, em média, R$ 1 milhão. A empresa tem 457 funcionários no Brasil. Além do México e do Brasil, o grupo também está presente em El Salvador, Peru e Honduras.
O Estado de S.Paulo

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