9 de abr. de 2010

Consumo consciente ainda é pequeno, mas vai crescer no Brasil

Brasileiro vem procurando versões mais sustentáveis dos produtos, está mais crítico em relação às empresas e poderá usar a tecnologia para compartilhar informações O comportamento do consumidor no Brasil vem mudando quando o assunto é sustentabilidade. De acordo com o dossiê elaborado pelo portal UnoMarketing em parceria com a consultoria MobConsult e com a revista Ideia Socioambiental, dois em cada 10 brasileiros já levam em consideração o compromisso socioambiental da empresa antes de colocar um determinado produto no carrinho. O nível de engajamento ainda é pequeno se comparado a consumidores dos Estados Unidos e dos países da Europa, mas a mudança de hábito indica que esses números só tendem a aumentar, principalmente com a utilização de novas tecnologias.

“A verdade é que o brasileiro põe muita expectativa nas ações das empresas e, ao ver que muitas vezes elas são apenas retórica, ele fica decepcionado. Há um gap muito grande entre o que ele espera e o que fazem efetivamente as empresas”, ressalta Ricardo Voltolini (foto), jornalista e publisher da revista Ideia Socioambiental, em entrevista ao Mundo do Marketing.

De olho na gestão do negócio e nas tecnologias Não é só na gôndola dos supermercados que o consumidor faz valer o seu papel. A segunda tendência pesquisada pelo dossiê mostra que eles estão mais atentos à forma como as empresas estão trabalhando as questões socioambientais na gestão do negócio. Não adianta investir em projetos sociais voltados para as comunidades e descuidar de suas ações internas. “É preciso apostar na ética. Hoje em dia o conceito evoluiu e não adianta uma empresa ter um projeto social e continuar poluindo. Estamos mais atentos a tudo isso e mais criteriosos também”, resume Voltolini.

As tecnologias estão ajudando a acelerar o processo de adoção do consumo consciente. Nos Estados Unidos, uma ferramenta chamada GoodGuide tem revolucionado o dia a dia dos norte-americanos no supermercado. O aplicativo, que pode ser posto no telefone celular, informa rapidamente ao comprador todos os dados socioambientais do produto na medida em que tem acesso a seu código de barras. Assim, o consumidor saberá se o item pesquisado pode vir a causar danos à saúde ou se há algo ilegal em sua cadeia produtiva, como uso de trabalho escravo. Tudo isso em questão de segundos.

“Ferramentas como essa vão revolucionar porque trazem a informação instantaneamente. Quando compramos, precisamos de dados claros, rápidos e objetivos. Vamos entrar em um tempo de transparência radical e nós, geralmente, não temos parâmetros para avaliar se um produto é legal ou não em relação ao cuidado com o meio ambiente e com as pessoas. O exercício do consumo consciente induzirá as empresas a mudarem aqui no Brasil também”, diz o jornalista.

Consumo excessivo vira fator de exclusão As redes sociais, tais como Twitter, Facebook e Orkut, também são grandes canais onde a lógica do ‘comprar excessivamente’ tem sido posta em xeque. Há muitos movimentos pró-consumo nessas ferramentas, mas o que foi observado no dossiê é que também há ações sendo feitas no sentido de despertar um comportamento mais consciente.

Smartmobs e geração mais colaborativa A mobilização via tecnologias tem sido uma tônica nos últimos anos. Um exemplo disso foi o que ocorreu na Espanha, após o atentado na estação de Atocha, em 2004. Vários espanhóis enviaram mensagens via SMS para que todos se reunissem em favor dos mortos. Nessas mensagens, a repetição da palavra “pásalo” (repasse) tornou-se um ícone. O resultado veio dias depois, quando as pessoas se reuniram de maneira espontânea para protestar contra o governo por ter ocultado dados sobre a verdadeira causa do atentado. Os mobs são uma maneira inteligente, segundo Bouabci, de expandir os conceitos e ajudar na difusão de um pensamento mais consciente de consumo.

Mídia tem papel essencial Grande parte dos fabricantes ainda não investe na transparência quando o assunto é rotulagem de produtos. Embora o Brasil ainda apresente uma alta taxa de analfabetismo funcional, a tendência é que o consumidor busque mais informações nos rótulos e siga o que está sendo observado no mundo. A mídia, nesse ponto, tem um papel importante para fazer valer essas mudanças.

“O que se vê hoje em dia é que os profissionais de comunicação têm uma grande dificuldade para entender essas questões socioambientais e passá-las por meio de uma ação, de uma reportagem ou de uma campanha. Esse dossiê tem o objetivo de trazer informações para que eles possam entrar em contato com uma comunicação mais consciente e entendê-la melhor”, diz Paula Faria (foto), idealizadora do portal UnoMarketing, em entrevista ao site. Por Gabriella Coutinho, do Mundo do Marketing

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