13 de fev. de 2015

Veteranos para o mercado de trabalho



Antonio Carlos Giuliani
O mercado de trabalho continua refratário a profissionais mais velho, algumas empresas descobrem a  eficácia de  equipes que misturam faixas  etárias  e investem em adaptações gerenciais e os resultados são positivos.   A ideia de  valorizar os profissionais veteranos em  idade de  aposentadoria, começa a ganhar relevância  à medida que,  em vários países o envelhecimento populacional resultado do  aumento da  expectativa de vida e da  queda  da taxa de natalidade já é uma realidade.
As principais razões são o preconceito contra os veteranos e o fato de muitas  empresas  ainda não se  terem dado conta de que os veteranos são uma  alternativa para  a falta de trabalhadores qualificados. Estudo realizado pela empresa PWC com 108 organizações no País, apontou que apenas 12% das  empresas  tem práticas de  recrutamento e  seleção voltadas para  a  atração de profissionais  maduros, 73% das  empresas não oferecem oportunidades de  carreira  a quem está próximo da idade de se aposentar e, também não dispõem de práticas que incentivem a permanência dos profissionais experientes, como a flexibilidade  de horário e o home office.
Cerca de 90% das organizações no Brasil acreditam que os “veteranos” possuem mais capacidade de fazer diagnóstico, e resolver problemas do que os outros, além de maior equilíbrio emocional. Diante dos resultados da pesquisa é importante que as  empresas analisem no momento da contratação, uma vez que, estar contratando mais profissionais veteranos, pode agregar vantagem competitiva, porque seu desempenho no trabalho é melhor do que o dos trabalhadores mais jovens em praticamente todas as dimensões.
Nos países asiáticos, como Japão, não parece  existir esse tipo de  atitude, na  Europa, as  empresas  estão mudando suas  atitudes e políticas em relação ao veteranos, em especial já sentem na pele a  escassez de profissionais qualificados. O estudo revelou que os empresários apresentam pontos negativos para a não contratação dos profissionais mais velhos, como a representatividade de custos altos.
Esse aspecto pode ser uma percepção falsa, os salários são mais altos em função da experiência, eles apresentam resultados melhores em termos de  ética, absenteísmo e rotatividade, se ausentam muito pouco do trabalho e, apesar de usarem mais o plano de saúde da empresa, geram menos despesas nesse  aspecto, pois  já não tem bebês ou filhos como dependentes.
Podem ser considerados como pontos favoráveis a lealdade, a precisão, são focados para os clientes e mais comprometidos do que os mais jovens, a produtividade é quase garantida, uma vez  que ao longo da carreira  esses profissionais desenvolvem habilidades e  capacidades que não perdem valor com o tempo.
Dos diversos mitos que prejudicam os profissionais mais velhos no mercado de  trabalho é o que eles se desmotivam e perdem o comprometimento quando já podem se  aposentar. Já nos  Estados Unidos, estudos apontam a questão da melhoria de qualidade  de vida dos idosos, mostra o contrário: os idosos com idade entre 50 e 70 anos são bem motivados, e suas principais motivações para continuar trabalhando são o desejo de  sentir-se úteis e produtivos e a vontade de manter-se ativos mental e fisicamente.
A necessidade de ter uma fonte de  renda fica, inclusive, em segundo plano. No Brasil, um profissional do sexo masculino é considerado veterano a partir dos 55 anos de idade, levando em conta a idade mínima para aposentadoria, ou a partir dos 61, tendo como referência a expectativa de vida atual para os homens no País.
Já as mulheres  entrariam na faixa das profissionais veteranas a partir dos 50 anos, considerando a idade mínima para  aposentadoria, ou a partir do 67  levando em conta sua expectativa de vida. Outro mito é atribuído à capacidade de inovação, acredita-se que os jovens inovam  bem mais. Para os mais velhos é mais fácil inovar, porque têm  mais repertório e já vivenciaram várias mudanças ao longo da carreira, esse  estereótipo precisa ser desmistificado, sua experiência ajuda  a cometer menos erros na busca da inovação, e seu trabalho conjunto com os mais jovens é muito valioso.
A riqueza pode  estar em trabalhar em um ambiente diverso, pois, já foi comprovado em vários estudos que a diversidade  etária traz grandes benefícios. Um desafio para uma organização que queira ter profissionais maduros é a convivência entre gerações diversas, que requer tolerância e maturidade de todos os envolvidos.
O conflito intergeracional é, de fato, agudizado quando mais velhos são supervisionados por mais jovens. A solução está em mudar a maneira  como os jovens supervisores lideram e gerenciam times que tenham profissionais mais velhos.
Autoridades formais e expertises não podem ser a fonte de poder nesse caso, assim como não funcionam ameaças do tipo “faça isso ou está demitido”. A importância de reter os profissionais mais experientes tem feito as  empresas inovarem em seus modelos de funcionamento e gestão.

No Brasil também é comum os veteranos buscarem a segunda carreira, é preciso verificar de quem é a culpa, das empresas ou própria opção de cada pessoa, muitos profissionais não se requalificam, crendo saber tudo, mas as competências valorizadas pelo mercado mudam bastante. As empresas ao elaborar seus planejamentos, levam em conta o passado, mas miram o futuro.     

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