Antonio
Carlos Giuliani
O mercado de trabalho continua
refratário a profissionais mais velho, algumas empresas descobrem a eficácia de
equipes que misturam faixas
etárias e investem em adaptações
gerenciais e os resultados são positivos.
A ideia de valorizar os
profissionais veteranos em idade de aposentadoria, começa a ganhar relevância à medida que,
em vários países o envelhecimento populacional resultado do aumento da
expectativa de vida e da
queda da taxa de natalidade já é
uma realidade.
As principais razões são o
preconceito contra os veteranos e o fato de muitas empresas
ainda não se terem dado conta de
que os veteranos são uma alternativa
para a falta de trabalhadores
qualificados. Estudo realizado pela empresa PWC com 108 organizações no País,
apontou que apenas 12% das empresas tem práticas de recrutamento e seleção voltadas para a
atração de profissionais maduros,
73% das empresas não oferecem
oportunidades de carreira a quem está próximo da idade de se aposentar
e, também não dispõem de práticas que incentivem a permanência dos
profissionais experientes, como a flexibilidade
de horário e o home office.
Cerca de 90% das organizações no
Brasil acreditam que os “veteranos” possuem mais capacidade de fazer
diagnóstico, e resolver problemas do que os outros, além de maior equilíbrio
emocional. Diante dos resultados da pesquisa é importante que as empresas analisem no momento da contratação,
uma vez que, estar contratando mais profissionais veteranos, pode agregar
vantagem competitiva, porque seu desempenho no trabalho é melhor do que o dos
trabalhadores mais jovens em praticamente todas as dimensões.
Nos países asiáticos, como Japão,
não parece existir esse tipo de atitude, na
Europa, as empresas estão mudando suas atitudes e políticas em relação ao veteranos,
em especial já sentem na pele a escassez
de profissionais qualificados. O estudo revelou que os empresários apresentam
pontos negativos para a não contratação dos profissionais mais velhos, como a
representatividade de custos altos.
Esse aspecto pode ser uma
percepção falsa, os salários são mais altos em função da experiência, eles
apresentam resultados melhores em termos de
ética, absenteísmo e rotatividade, se ausentam muito pouco do trabalho
e, apesar de usarem mais o plano de saúde da empresa, geram menos despesas
nesse aspecto, pois já não tem bebês ou filhos como dependentes.
Podem ser considerados como pontos
favoráveis a lealdade, a precisão, são focados para os clientes e mais comprometidos
do que os mais jovens, a produtividade é quase garantida, uma vez que ao longo da carreira esses profissionais desenvolvem habilidades e capacidades que não perdem valor com o tempo.
Dos diversos mitos que prejudicam
os profissionais mais velhos no mercado de
trabalho é o que eles se desmotivam e perdem o comprometimento quando já
podem se aposentar. Já nos Estados Unidos, estudos apontam a questão da
melhoria de qualidade de vida dos
idosos, mostra o contrário: os idosos com idade entre 50 e 70 anos são bem
motivados, e suas principais motivações para continuar trabalhando são o desejo
de sentir-se úteis e produtivos e a
vontade de manter-se ativos mental e fisicamente.
A necessidade de ter uma fonte
de renda fica, inclusive, em segundo
plano. No Brasil, um profissional do sexo masculino é considerado veterano a
partir dos 55 anos de idade, levando em conta a idade mínima para aposentadoria,
ou a partir dos 61, tendo como referência a expectativa de vida atual para os
homens no País.
Já as mulheres entrariam na faixa das profissionais veteranas
a partir dos 50 anos, considerando a idade mínima para aposentadoria, ou a partir do 67 levando em conta sua expectativa de vida.
Outro mito é atribuído à capacidade de inovação, acredita-se que os jovens
inovam bem mais. Para os mais velhos é
mais fácil inovar, porque têm mais
repertório e já vivenciaram várias mudanças ao longo da carreira, esse estereótipo precisa ser desmistificado, sua
experiência ajuda a cometer menos erros
na busca da inovação, e seu trabalho conjunto com os mais jovens é muito
valioso.
A riqueza pode estar em trabalhar em um ambiente diverso,
pois, já foi comprovado em vários estudos que a diversidade etária traz grandes benefícios. Um desafio
para uma organização que queira ter profissionais maduros é a convivência entre
gerações diversas, que requer tolerância e maturidade de todos os envolvidos.
O conflito intergeracional é, de
fato, agudizado quando mais velhos são supervisionados por mais jovens. A
solução está em mudar a maneira como os
jovens supervisores lideram e gerenciam times que tenham profissionais mais
velhos.
Autoridades formais e expertises
não podem ser a fonte de poder nesse caso, assim como não funcionam ameaças do
tipo “faça isso ou está demitido”. A importância de reter os profissionais mais
experientes tem feito as empresas
inovarem em seus modelos de funcionamento e gestão.
No Brasil também é comum os
veteranos buscarem a segunda carreira, é preciso verificar de quem é a culpa,
das empresas ou própria opção de cada pessoa, muitos profissionais não se
requalificam, crendo saber tudo, mas as competências valorizadas pelo mercado
mudam bastante. As empresas ao elaborar seus planejamentos, levam em conta o
passado, mas miram o futuro.
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