O atual momento econômico reforça a necessidade de
controles, da busca por eficiência, do desenvolvimento de novas estratégias e
de um planejamento para estruturar as empresas no médio e longo prazo. Como já
aconteceu em outros momentos de crise, quem superar este momento sairá muito
mais forte.
As empresas que têm demonstrado força e tiveram resultados
acima da média em 2014 são aquelas que, no passado, perceberam a importância da
governança corporativa para estruturar as operações e para captar recursos mais
baratos no mercado. Desenvolver um conselho de administração, ser transparente
nos balanços e mostrar ao mercado sua saúde financeira, são excelentes passos
para colocar sua empresa no radar de fundos de investimento e, num momento
adiante, abrir capital.
O maior varejista do País, o Grupo Pão de Açúcar, aumentou
seus lucros líquidos em 20% no ano passado, chegando a R$ 2,08 bilhões.
A
Magazine Luiza, uma das maiores redes de
eletroeletrônicos, viu seu lucro liquido ajustado crescer 81.8%, para R$
128,6 milhões. A Raia Drogasil, uma das maiores redes de farmácias, não ficou
atrás, e aumentou o lucro líquido em
53,8% para R$ 270,4 milhões segundo dados Novarejo 2015. E nenhuma delas
pretende desacelerar por conta das projeções pessimistas.
O cenário atual é bem diferente do apresentado nos últimos
anos. O setor teve sua década de ouro, a partir dos anos 2000, quando a classe
média ganhou novos entrantes. Some isso ao aumento real da renda, crédito
fácil, queda dos juros e incentivos do governo ao consumo, e o resultado foi um
crescimento chinês.
O que presenciamos agora, são agentes econômicos respirando fundo, diante de uma
situação que é resultado das políticas que, fizeram o País crescer sobre uma
base frágil. Pode-se afirmar que não vamos manter os mesmos níveis de
crescimento de consumo de antes. Mas, isso não significa que é momento para
cruzar os braços.
A década de 80 trouxe muito
aprendizado e a capacidade de lidar com uma economia complexa. Depois de
sobreviver naquele cenário adverso, hoje para muitos gestores é fichinha.
Tirando os dez maiores varejistas do Brasil, todos os outros têm um porte em que a discussão da economia
apesenta impacto relativo.
Portanto, é hora de mexer na
casa se eficiência é a palavra da vez, a primeira estratégia é, cortar custos. Cuidado aqui, porém, é evitar
ficar apenas nos cortes, isso funciona no curto prazo. Se o período de
estagnação for mais prolongado, devemos ir, além disso.
A ação é enxugar de um lado para
investir em outro, precisamos buscar produtividade para ganhar competitividade.
Quando se fala em aumentar a venda, o varejista pensa em
fazer publicidade e trazer mais gente
para loja, mas se ele por si só garantir a disponibilidade do mix que oferece,
com certeza já melhorará as vendas.
É preciso também mudar a forma
como se vê o negócio, no desespero, os varejistas exageram nas promoções e evitam repassar o
aumento da inflação. O momento é para renegociar com os fornecedores e melhorar
estratégia de preço, procurar melhorar a margem dos produtos de baixo giro e
baixando os itens de curva A.
Procurar oferecer mais opções de
produtos, com diversas faixas de preços, ajuda o consumidor a se defender da queda do poder aquisitivo.
Profissionalizar a gestão deve ser item primeiro de pauta, que, para vencer em
meio à competitividade crescente, é preciso
gerar valor, e mostrar quanto valor gera.
O que é possível com boa
governança corporativa?
Essa mudança de perspectiva originou com a alteração da dinâmica do mercado nos últimos
anos. É que para competir é preciso ter estratégia e pensar no longo prazo. No
Brasil, a crise de confiança nas empresas e percalços políticos e econômicos, aumenta mais ainda a necessidade
de levar a sério as melhores práticas de gestão, para não perder valor de
mercado .
Em um momento como esse de
crise econômica, a governança tem papel fundamental no ajuste do modelo
de negócios a essa realidade. Devemos evitar um descolamento muito grande entre
as perspectivas de mercado e as da empresa. Nesse mercado competitivo,
nossa tarefa é extrair
o que temos de melhor.
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