4 de nov. de 2015

Pós venda: ir além do esperado


Antonio Carlos Giuliani

O momento de crise econômica está obrigando as empresas, independentemente de seu porte ou faturamento, a se reorganizarem e se reposicionarem no mercado como forma de viabilizar a continuidade do negócio. Apesar de todo o desenvolvimento tecnológico que estamos vivendo, esta não é a realidade de uma grande parcela da população.
Podem-se visualizar dois mundos distintos: um high-tech, todo digital, preocupado com a velocidade e a disponibilidade das informações, e outro em que a única preocupação é saber se vai conseguir subsistir por mais algum tempo. Muitos estudiosos apontam que a venda pessoal está com seus dias contados, pois o comércio eletrônico cresce de forma assustadora, principalmente nas relações “business to business”, em que as empresas estão preocupadas com redução de custos e melhoria da rentabilidade.
Mas, se compararmos com o “business to consumer” o espaço do vendedor deverá ser bem maior. Nas duas situações haverá necessidade de atendimento ao cliente, exigindo profissionais capazes de atender a segmentos distintos, um que buscará serviços, e, portanto, será necessário um suporte de pós-venda, e o outro que se concentrará na forma tradicional, em que a venda ocorrerá nos grandes centros de compras: shoppings e hipermercados, ficando evidente, neste caso, o grande papel que os vendedores deverão desempenhar.
Os acontecimentos oriundos da tecnologia e da globalização deixam claro que o mercado está mudando de forma rápida, e cada vez mais exigirá profissionais qualificados e preparados para a venda desses serviços, para as empresas e para os consumidores. Não existe uma única fórmula de vendas, o que de fato deverá existir são planejamentos, técnicas e estratégias, que fazem o profissional sentir-se mais seguro e capaz de superar suas metas.
O modelo AINDAS - Atenção, Interesse, Necessidade, Desejo, Ação e Satisfação - deverá ser adaptado ou melhorado de acordo com a situação. O processo de vendas exigirá um maior esforço na fase de pós-venda, assumindo papel importantíssimo, pois, ele inclui atendimento ao cliente, assistência técnica, peças de reposição e manutenção, serviços, manual de instruções, garantia, troca rápida e acompanhamento da cobrança.
Para que a empresa se diferencie de seus concorrentes é necessária uma melhor qualificação e preparação da equipe de vendas, com o objetivo de transformar os vendedores em consultores de vendas, para que não se dediquem somente a vendas do produto, mas, sim, gerar, apontar oportunidades para novos negócios, proporcionando um maior giro e rentabilidade para o seu cliente e para a sua empresa. Deve-se ter em mente que o pós-venda é a fase em que está se iniciando uma relação duradoura; quando um vendedor ou empresa não toma conhecimento do cliente, após este haver comprado, ele está dizendo o seguinte: Você não me interessa, o que realmente me interessava era só o seu dinheiro e esse eu já consegui.
Visão que Levit (1990) já preconizava “miopia em marketing”, ou seja, você está querendo vender uma única vez. Isto não significa marketing, pois, onde fica o relacionamento com o cliente? Deve-se entender que o importante é o cliente e não somente o dinheiro, é preciso procurar criar uma filosofia de pós-venda, através da qual o cliente se sinta bem em comprar de sua empresa. Se houver algo em que podemos melhorar, por favor, nos diga”.
O pós-venda deve colocar o cliente dentro da empresa, num relacionamento que procure a fidelização, assim o cliente vai propagar seu encantamento pela empresa e divulgar que suas expectativas foram superadas. A empresa que adota o pós-venda como filosofia de seus negócios, administra não o custo benefício, mas sim o benefício custo.
Exemplificaremos, a seguir, como esta estratégia é simples de ser efetuada. Recentemente, num final de semana, telefonei para uma “Pastelaria com sistema delivery” e me surpreendi com duas atitudes: • o atendimento foi muito cordial e gentil, perguntaram a que horas eu gostaria que os pastéis fossem entregues; • aproximadamente uma hora e alguns minutos depois de haver recebido meus pastéis, a mesma atendente ligou-me novamente para saber se estava tudo bem (sabor, temperatura, entrega) e solicitou sugestões. Resultado: a partir desse dia, quando quero um pastel, não compro de mais ninguém. É uma atitude simples que traz um benefício enorme para a empresa.
Na visão de muitos, esta estratégia tem um custo. Afirmam que o pós-venda é um custo; na nossa visão é um benefício. Ao analisá-lo somente como desembolso financeiro, despesa, custo, não descobriremos como são enormes os seus benefícios. Quando fazemos a primeira venda para o cliente e logo em seguida fazemos o pós-venda, estamos, na realidade, fazendo a pré-venda da segunda venda.
O relacionamento empresa/vendedor/cliente deve ser construído passo a passo de forma consciente. Por essa razão, faz-se necessário um acompanhamento na pré-venda (desenvolvimento), durante a venda e no pós-venda, a fim de nos certificarmos de que a solicitação do cliente foi de fato atendida em todos os seus detalhes e exigências, procurando estabelecer uma relação de parceria entre vendedor e cliente.

Os clientes procuram muito mais que produtos, procuram soluções que lhes proporcionem prazer, tranquilidade, satisfação e encanto, procura o plus a mais, o produto ampliado que representa o ir além do esperado. 

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