O livro “50 Tons de Cinza” é uma daquelas obras literárias que pode ser classificada como leitura de cabeceira de muita gente hoje em dia. Na lista dos mais vendidos da Veja há mais de dez semanas, só perdeu a liderança em vendas recentemente para o segundo livro da trilogia, o “50 Tons Mais Escuros” – mas já retomou o primeiro lugar.
Tema de discussão entre amigos nas redes e até no cafezinho, o livro ainda é assunto de muitas matérias em jornais e revistas voltadas para diferentes públicos. Há algumas semanas, foi capa da Veja com uma matéria que destaca o sucesso do best-seller entre as mulheres, dado que 99% dos livros vendidos foram comprados por elas. É uma história escrita por uma mulher para o público feminino.
A trilogia da inglesa E.L. James já vendeu mais de 5,5 milhões de cópias na terra da Rainha Elizabeth. No mundo todo, foram mais de 40 milhões de livros. A Random House, editora do livro, criada em 1927, utilizou o twitter para celebrar o marco de vendas da trilogia, reforçando a integração dos meios que nós defendemos para as marcas.
Esse fato me fez questionar se, no futuro, o livro, aquele impresso, realmente deixará de existir como muitos comentaram há alguns anos. O sucesso dessa trilogia nos dá uma dica de que ainda estamos longe desse feito – e que bom! Mas, ao mesmo tempo, nos sinaliza a possibilidade de novas maneiras de se ler e até mesmo escrever um livro.
Uma professora de Jornalismo Digital e Hipermídia da PUC de São Paulo, Pollyana Ferrari, criou um documentário que faz exatamente essa análise. Ela avaliou o futuro do livro diante do uso do tablet. Em Transcrever, a professora ouviu diferentes opiniões de empresários, especialistas, jornalistas, escritores e professores sobre o assunto.
Eu tenho percebido que a versatilidade do tablet tem feito com que várias corporações repensem suas estratégias de marketing. Aplicativos funcionais podem estreitar o relacionamento das marcas com o consumidor, aumentar a interação, fidelizar. Não tenho dúvidas de que o marketing digital seguirá crescendo, mas acredito que sua mordida no budget das empresas nunca será maior do que o total aplicado nos veículos de comunicação de massa, como TVs, rádios e livros também.
Os tablets facilitam a vida das pessoas. Já não preciso carregar o laptop para cima e para baixo. Com os aplicativos certos, ganho agilidade no meu trabalho, leio notícias, organizo meus compromissos e ainda me distraio. É possível carregar mais de um livro e escolher qual quero ler em um determinado momento. A verdade é que o livro de papel ainda é muito importante, mas poder carregar diversas opções atrai muita gente, inclusive a mim. E tenho percebido que é possível, e talvez necessário, criar uma maneira diferente de escrever para tablets e não apenas reproduzir neles as impressões feitas no papel, como acontece hoje.
Com os tablets não sendo meros suportes digitais, os livros poderão se tornar ainda mais interessantes se começarem a utilizar a interatividade que o meio propõe, como por exemplo: hipermídia, vídeos, conexões diretas com redes sociais e sites, dentre tantas possibilidades. Sinto a necessidade de renovação nesse meio. Assim como existem diferentes autores para cinema, teatro e TV, podemos também ter ótimos escritores para livros digitais e outros para livros impressos.
Essa é a minha sugestão para um mercado que está em constante ascensão. Não deixo de ter, porém, livros na cabeceira. E não estou sozinho – tenho, pelo menos, a companhia de 40 milhões de pessoas em todo o mundo.
E você? Usa seu tablet para quê? Tem fome de quê?
* João Batista Ciaco é diretor de publicidade e marketing de relacionamento da Fiat e presidente da ABA
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