29 de jun. de 2016

O VAREJO NA RIVIERA FRANCESA

Conhecer outras culturas varejistas traz ensinamentos importantes ao varejo brasileiro, que quer ver resultados.

cred: Jacques Meir              

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Por Jacques Meir* que está em Cannes, na França, acompanhando o Cannes Lions de perto  Pode parecer estranho falar sobre varejo de uma localidade tão distante quanto a Riviera Francesa. Principalmente se considerarmos a crise brasileira atual. Mas o fato é que olhar o pequeno varejo que se desenvolveu na Cote D’Azur é um exercício interessante e traz ensinamentos importantes para quem quer sobreviver no mercado brasileiro.
Este ano, tive mais tempo para visitar localidades Saint-Tropez, Antibes, Mônaco, além de Cannes antes do início do Congresso. Claro que há muitas e muitas lojas que reproduzem as grandes marcas de moda globais, mas na mesma medida vale observar como pequenos varejistas locais desenvolvem negócios extremamente elegantes, charmosos, com produtos de grande qualidade, preços variados, atendimento cortês e inventividade.
Há uma tendência a explorar muito os elementos cromáticos, a cor é parte integrante de toda a cultura aqui da Riviera francesa. O design abusa de padrões de cores vibrantes, texturas leves, fluidas, vaporosas. As vitrines sempre trazem ideias curiosas, que naturalmente convidam as pessoas a explorar os conteúdos internos. O ensinamento aqui é entender que mesmo diante de marcas globais poderosas, persiste uma forte tendência de valorização do produto, do produtor do comerciante local. Mesmo pequenos, esses pequenos empreendedores importam e têm acesso a produtores criativos e jovens da comunidade europeia. O que mostra como é bom deixar-se fazer parte de um mundo global. Outro dado interessante é a eficiência: normalmente apenas uma pessoa consegue atender os clientes, verificar os estoques e conduzir o pagamento.
Em cada cidade o roteiro se repete: o consumidor redescobre o prazer de comprar e descobrir novos artigos, novas possibilidades, loja a loja, a cada 3 ou 4 m. Em um mundo digital, com consumidores conectados e grudados em seus smartphones é surpreendente vê-los pesquisar e descobrir essas lojas cheias de pequenas joias. Há um aspecto quase lúdico nesse relacionamento que engloba um ambiente de rara beleza e a vontade de tocar o negócio de forma autêntica, legítima e original.
Infelizmente, no litoral brasileiro (mesmo nas cidades) não há nada similar, mesmo se considerarmos praias normalmente requisitadas e de sucesso como Búzios, no Rio de Janeiro ou Florianópolis, em Santa Catarina.
Temos aqui uma propensão a uniformizar a oferta. As lojas copiam-se umas às outras, procurando variar um pouco no preço e alguma coisa na exposição. Mas as lojas parecem via de regra pasteurizadas, desidratadas, sem personalidade o que, em uma época de crise, só traz obstáculos maiores para a sobrevivência.
Pode pode ser petulante falarmos sobre lojas em uma região tão privilegiada e compará-las com as nossas congêneres. Mas acreditamos que é imprescindível ter um olhar mais decidido voltado para o que acontece no mundo. Este é um passo fundamental para podermos criar negócios mais competitivos, capazes de ir até mesmo além do que é possível verificar aqui na Riviera. Combinar a nossa criatividade, com a velocidade de adoção dos elementos digitais pelo brasileiro pode, com baixo custo, fazer negócios com margens mais interessantes. Olhar para tendências, formatos e arriscar mais no tipo de produto que venha a ser oferecido também colabora para que possamos sair da mesmice e criar antídotos contra a média. O fato é que não podemos mais nos conformar em ser a média, em termos negócios médios.
O Brasil tem potencial demais desperdiçado por culpa do nosso conformismo. Comparar com o que de melhor você faz no mundo em qualquer tipo, gênero e tamanho de varejo é sempre um bom ensinamento.
No Varejo: *Jacques Meir é Diretor de Conhecimento e Plataformas de Conteúdo do Grupo Padrão

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