27 de set. de 2012

“O Brasil precisa ter ambição”, declara Paul Romer


Alunos de Xangai: a cidade é a primeira colocada
 em testes internacionais

Para Paul Romer, professor da Universidade de Nova York que revolucionou os estudos sobre crescimento econômico, o governo brasileiro deveria imitar o da China na área da educação

EXAME - No Brasil, a educação já foi diagnosticada como crucial para o crescimento. A pergunta é: como melhorá-la?
Paul Romer - Um dos problemas mais comuns dos governos é olhar para o indicador errado. Suas taxas de matrículas podem ser altas, os anos de escolaridade dos jovens podem ser elevados, o percentual de pessoas nas universidades também. Mas não é isso o que mais importa.
O foco deve estar no que é medido nos testes internacionais. É esse ponto, segundo as pesquisas, que garante o crescimento econômico. Fora isso, as decisões governamentais para a área da educação precisam ser todas embasadas em dados objetivos. É preciso parar de medir o esforço e passar a medir apenas os resultados das políticas públicas.
Não importa tanto a energia e o dinheiro que estão sendo aplicados, mas se os objetivos estão sendo ou não atingidos. Pelo menos é isso o que apontam as análises que buscam desvendar os fatores detonadores do crescimento. 
EXAME - Quais os países que poderiam servir de modelo ao Brasil?
Paul Romer - Os avanços de Singapura na área da educação nas últimas décadas foram fantásticos. Também impressionaram os resultados dos jovens da cidade chinesa de Xangai nos últimos testes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. É verdade que se trata de apenas uma cidade.
Sempre alguém irá argumentar que os resultados de Xangai não retratam a situação da educação na China como um todo. Mas é fato que os chineses conseguiram colocar Xangai no topo do ranking das melhores notas. E a educação no restante do país também tem melhorado.
Por tudo isso, a China deveria servir de modelo para o Brasil. É uma prova de que um país pobre pode se organizar para oferecer uma boa educação. Por que o Brasil não consegue dar uma educação como a de Xangai para os jovens de nenhuma grande capital? Por que os estudantes de todo o país não obtêm bons resultados nos testes internacionais?  
Os jovens brasileiros são tão espertos quanto os chineses. Se o governo focasse nesse objetivo, tenho certeza de que o resultado seria muito melhor. Está na hora de o Brasil aumentar sua ambição. Muitos países não avançam por acreditar que é impossível mudar. São vítimas da complacência. Nesse sentido, a China tem sido importante, tem acordado vários líderes no mundo em desenvolvimento.

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