A
relação com o consumidor, é uma das principais mudanças enfrentada pelo
segmento varejista, já que não basta
apenas, contar com o cliente tradicional, mas sim, cultivar um contato
próximo com o comprador, a ponto de transformá-lo em um fã incondicional do seu
estabelecimento. É fato que, o perfil do consumidor mudou bastante nos últimos
anos, principalmente no que se refere ao
seu posicionamento e importância no mercado.
O
novo consumidor, não se satisfaz apenas
em comprar um produto, mas, exige e busca no ato da compra, uma experiência
positiva e marcante, que deve ser ampliada e fortalecida. O lojista deve ir
além e, ouvir a opinião do cliente (que aqui chamaremos de fã),
constantemente, mesmo que este não
esteja consumindo naquele momento. Novos
conceitos entraram para o rol das prioridades,
de quem tem ou quer criar um relacionamento com seus fãs.
Em
recente participação na Campus Party
2014, maior evento de tecnologia da
América Latina, realizado em São Paulo, ganhou destaque a participação de Bruce
Dickinson, vocalista da banda de rock
Iron Maiden. Em sua palestra, o músico expôs suas visões sobre empreendedorismo, em especial
como transformar consumidores comuns em
“fãs de uma marca”.
Bruce
foi enfático ao explicar: ”Você não vende apenas uma coisa, mas uma proposta, uma
relação com a pessoa do outro lado da linha, do balcão. Tem tudo a ver com confiança, é uma relação emocional”.
É claro que o Brasil não está fora desta
tendência e, apesar do conceito de
transformar o cliente em fã, está
presente em todo tipo de empresa.
Até
poucas décadas, poucos associavam o conceito de fã, ao mundo
dos negócios. O termo era tido como rotulo apenas para artistas
de renome, músicos, clubes de futebol, entre outros. Porém, este quadro alterou-se completamente, principalmente pelas exigências e comportamentos dos consumidores,
e nos dias atuais, a loja que não contar
com fãs, é uma forte candidata ao fracasso.
Entendo
que o cliente, é aquele que compra algo (produto, serviço, etc.), mas, não tem
uma relação afetiva com a marca. Por sua vez, o fã é aquele que
adquire o seu produto, tem
uma experiência memorável e advoga
a favor da sua marca, inclusive buscando novos clientes
para você. Costumo dizer que, quem tem cliente é o concorrente, e que
o seu papel como empresário, lojista e profissional é ter fãs.
Basicamente,
a grande diferença entre o cliente, e o
fã, é que o fã te vende para seus amigos e familiares sem cobrar
absolutamente nada por isso. Vivemos a “Era da Experiência”, que
incorpora um fenômeno chamado
recomendação. E é exatamente esta recomendação, que pode alavancar o
sucesso do seu negócio, e também afundá-lo. Um cliente mal atendido,
compartilha com o mundo, através das redes sociais suas
experiências negativas, e cria um desafio gigantesco de gestão de crises, principalmente, em relação
à marca/nome da empresa, que é um dos ativos mais valiosos de uma empresa.
Enquanto
o cliente é convencido, que aquele produto é o melhor para ele, naquele momento,
o fã é convencido e passa a convencer os outros, de que aquele produto é o
melhor, indo além, do simples fato da compra. O cliente não tem fidelidade, e
migra de ponto em ponto. O fã tem confiança no seu produto, seja em relação à
qualidade, ao preço, entre outros fatores. Ele pode inclusive, pagar um preço
maior do que o da concorrência, por acreditar no que você está oferecendo.
Porém, este mesmo fã cobra uma série de benefícios, como a prestação de
serviços de qualidade, atendimento personalizado, relacionamento aprofundado
com a empresa, e mais.
É
preciso compreender que, o tamanho do estabelecimento não interfere na captação
dos fãs, mas sim, as formas que a equipe de trabalho é conduzida, e os
critérios adotados para atender os consumidores. Os vendedores precisam ser fãs
da marca que vendem. Qualquer vendedor que acredita no produto ou serviço que
comercializa, vende mais. Para alcançar isto, as empresas precisam ter uma
missão, uma causa clara e a equipe deve estar engajada em alcançar os resultados.
Deste
modo, é essencial que o líder proprietário da loja, presidente, diretores,
gerentes, entre outros cargos de chefia, crie esta missão e a dissemine entre
todos os colaboradores de várias formas. O líder precisa estar à frente
do processo, e aplicar
e replicar os princípios e técnicas,
para alcançar o objetivo. Deve
ser rigoroso ao cumprimento da padronização do processo, pela equipe inteira,
complementando o processo, oferecendo o treinamento e aperfeiçoamento constante da equipe, assim, como reconhecer e
recompensar aqueles colaboradores,
que alcançarem os melhores resultados.
Vale citar o círculo virtuoso do sucesso de todos
os negócios: líderes sensacionais criam profissionais engajados e motivados, que por sua vez,
conquistam clientes encantados,
que geram resultados espetaculares. Os principais passos para conquistar os fãs:
assuma o problema do cliente como se
fosse seu, e nunca
terceirize uma responsabilidade; crie empatia com o cliente, entendendo
as necessidades, e atendendo da mesma
forma que você gostaria de ser atendido; crie conexão emocional, através de momentos
inesquecíveis e memoráveis para o
cliente; exceda as expectativas,
trate-os pelo nome, anote suas
preferências, mantenha contato constante; entender precede o
atender, o entendimento é mais
importante que atendimento, antes de
atender bem, é fundamental entender
as necessidades do cliente,
e as características e benefícios dos produtos que você vende;
cortesia é essencial, atente para todos os
detalhes, e demonstre um desejo de ajudar e
servir aos clientes.
Vender é
ajudar! Vender é servir! Apesar de
ser mundial o conceito de
transformar o cliente em fã, é preciso prestar atenção nas
características locais e particularidades dos consumidores. Em virtude de nossa
cultura mais relacional, os fãs brasileiros esperam muito mais das empresas
que admiram. Querem maior
proximidade para se sentir o tempo todo mimados, e verdadeiramente importantes. Ofereça
sempre que puder mimos que os façam especiais, e tenha certeza
de que quanto mais satisfeitos e
felizes, com estas experiências únicas,
a chance destes consumidores tornarem seus fiéis
vendedores são grandes.
Antonio Carlos Giuliani: professor e coordenador dos cursos de
Mestrado Profissional e Doutorado em Administração e MBA em Marketing e
Negociação. - UNIMEP. E-mail:
giuliani.marketing@uol.com.br
Tema muito interessante. Realmente se tratarmos nossos clientes de uma maneira diferente e transformarmos em fã de nosso negócio, com certeza ganharemos muito mais com o crescimento deste negócio do que tratar este cliente fã como simples cliente. Parabéns pelo tema.
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