29 de ago. de 2014

Ser Empreendedor


Antonio Carlos Giuliani

Empreender é agregar valor, saber identificar oportunidades e transformá-las em um negócio lucrativo. O conceito de empreendedorismo foi utilizado inicialmente pelo economista Joseph Schumpeter, em 1950. Termo muito usado no âmbito empresarial e muitas vezes está relacionado com a  criação de empresas ou produtos novos.
Através do empreendedorismo busca-se: transformar conhecimentos;  inovar; realizar sonhos mesmo que haja riscos;  enfrentar problemas, inovar e modificar as organizações, remodelando assim o cenário econômico. Desde 2013 o Brasil cresce cada vez menos, com  crescimento de  apenas 0,2% no primeiro trimestre do ano, analistas apontam para  recessão técnica  em 2014.
Ao analisar o consumo, principal motor de expansão da  economia nos últimos anos, apresenta  trajetória de  queda  e  chegou a 0,1% negativo no primeiro trimestre desse ano, segundo agência Estado (2014). Enquanto economistas aguardam  a divulgação do PIB do segundo trimestre, com  estimativa de 0,81% de  crescimento, o Banco Central acredita  que ele  será 1,8%.
Quem já atua como empresário, e mesmo o candidato que deseja empreender, convivem com mesmo ponto comum. O que fazer nesse  momento de incerteza? Essa pergunta é a mais frequente que alunos  e empresários nos dirige quando falamos sobre empreendedorismo.
Para tentar colaborar aponta-se  dicas, fazendo uma breve  retrospectiva para momentos difíceis  da  economia do que as previsões mais pessimistas de hoje. Em 1984 o País e o mundo ainda  tentavam caminhos para  digerir o segundo choque do petróleo, e a inflação anual de 223,9%, em 1992, ano do confisco das poupanças pelo governo do  então presidente Fernando Collor, surgiram  respectivamente  as  redes Patroni Pizza (nesse  ano estará abrindo mais 30 lojas) e China in Box  sucesso até os dias atuais.
O fato de a economia caminhar para um crescimento ruim não significa que  as oportunidades  acabaram. Significa que os projetos que não são bons, ou apresentam alcance  limitado não terão mercado. O verdadeiro  empreendedor não olha com ênfase o macro, e sim o micro, um nicho, uma necessidade que não está sendo atendida.
Em cenários conturbados deve-se farejar uma boa oportunidade, o ambiente mais restrito obriga ao  empresário, redobrar sua atenção com o planejamento do negócio. Pesquisa recente do Sebrae – SP, mostra que o  empreendedor brasileiro ainda  comete  erros básicos, nada menos do que 46% dos  entrevistados, não sabiam quantos  eram seus clientes potenciais ou seus hábitos de consumo, 39% deles desconheciam qual era o capital de giro necessário, para manter o negócio em atividade e outros 38% não tinham pesquisado sobre seus concorrentes.
Ao elaborar um plano de negócios para um período possivelmente  ruim, é  preciso ser muito conservador. No  efeito da  crise, o fluxo de  receita tende  a cair, as margens reduzem, necessitando redobrar  atenção aos custos, até os  centavos devem ser considerados. O segredo é identificar  demandas das pessoas que não estão sendo atendidas, oferecendo produtos ou serviços por um custo menor, ou optar por uma franquia pode  ser boa opção com risco menor, do negócio poderá obter  retorno menor com mais segurança, podendo  demorar mais de cinco anos para efetivamente  alcançar o retorno do investimento.
Outras recomendações a serem consideradas são: fugir dos financiamentos oferecidos; ter uma reserva  financeira para 6  a 10 meses para os períodos difíceis; a negociação com fornecedores pode  ser boa forma de  evitar apertos, por  exemplo, se você não pode  fazer o pagamento do mês, vale a pena negociar com o fornecedor um prazo de  dois meses  e ter 5% de juros ao invés de  entrar no cheque  especial e pagar 8% ou  mais.
Em momentos de pouco crescimento da economia, o líder de uma organização precisa  encontrar soluções, que  economizem o tempo do cliente.  A  economia não deve  frear o empreendedor, mas sim, os  estudos de riscos e oportunidades frente ao tipo de negócio pretendido, e a  disposição de correr  esses  riscos, mesmo que tenham sido bem calculados.
Estimar com conservadorismo o potencial de  faturamento, e colocá-lo em uma planilha com todos os custos da operação,  objetivando que mesmo que o ponto de  equilíbrio seja  atingido; fazer  a diferença e  se preocupar com detalhes sempre.
Pesquise sobre seus concorrentes e oportunidades que podem ser exploradas; dimensione  as  vendas, os produtos oferecidos e os preços praticados.  Ser  empreendedor não depende apenas do querer, tem de  estar em você, pois nem todos nasceram para ser e nem para assumir riscos e conviver com eles. Fazer  sempre  uma reflexão do que  está  acontecendo, e  se  você está feliz ou não sendo um empreendedor. Não  espere que as  coisas  aconteçam,  faça as coisas  acontecerem.

Antonio Carlos Giuliani: professor e coordenador dos cursos de Mestrado Profissional e Doutorado em Administração e MBA em Marketing e Negociação. - UNIMEP.

E-mail: giuliani.marketing@uol.com.br

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