A Procter & Gamble comunicou na primeira semana de
agosto que planeja vender, descontinuar ou fundir globalmente, mais da metade de suas marcas. A informação foi
dada pelo CEO A. G. Lafley, durante a
conferência para anunciar os resultados financeiros da empresa.
A estratégia da empresa concentrará seu foco em um grupo entre 70 e 80 marcas, que respondem por 90% das
vendas da companhia e mais de 95% do lucro registrado nos últimos três anos. A
nova estratégia de marketing define um novo rumo para o marketing alinhar e
simplificar, significativamente os negócios e o portfólio de marca da empresa.
A decisão implicará no futuro um
repensar das ações de marketing rumo ao
ano 2020. Na última década, tantas foram as mudanças promovidas pelos
profissionais de marketing, para estabelecer relacionamentos entre
clientes ferramentas e
estratégias consideradas de ponta,
há apenas alguns anos, rapidamente tornam-se obsoletas e novas abordagens estão surgindo a cada dia.
Desde o surgimento, a mais de 40 anos da prática de
administração de marca, verifica-se
hierarquias ultraconservadoras nas empresas. Os profissionais de marketing
entendem que suas organizações precisam de uma reestruturação geral, e
diretores executivos de marketing estão abandonando seus organogramas.
A forma como os profissionais de
marketing envolvem-se com clientes mudou profundamente. É comum em muitas
empresas a organização do marketing estar presa ao passado. Para pensarmos o
marketing para 2020 e refletirmos sobre a questão:
Quais estratégias, estruturas e competências
profissionais de marketing, deveriam ser
adotadas para atingir a
excelência? Buscamos na pesquisa
realizada pela Effective Brands (2014)
com mais de 350 CEOs, chefes de
operações, e com a realização de mais de uma dúzia de mesas – redondas, com profissionais de
marketing do mundo todo, levantamentos quantitativos online, com mais de dez mil profissionais de marketing, de 92
países.
Para delinear o marketing, apontaram
que o mesmo não é mais uma entidade
discreta e deve se expandir por toda a
empresa, permeando virtualmente todas as atividades. O marketing tornou-se
importante demais para ser deixado somente nas mãos de profissionais de
marketing. Não queremos menosprezar
esses profissionais, mas destacar como o marketing está se
tornando holístico atualmente.
Para fornecer uma experiência contínua, baseada em dados e
imbuída dos objetivos da marca, todos os
funcionários da empresa, do atendente ao
presidente precisam partilhar de visão comum sobre os valores da marca.
Tradicionalmente, as áreas de marketing são dominadas por
generalistas, mas principalmente graças
à ascensão do marketing social e digital, está surgindo uma profusão de
novos especialistas, apontados pela
pesquisa, como: o profissional de marketing “pensador”, que aplica competências
em ferramentas de análise a tarefas como mineração de dados, modelagem
de mix de mídia e otimização de retorno
sobre investimento; “executor” que
desenvolve conteúdo e projeto e lidera a produção; “sensitivo” que foca
na interação com o cliente e no
engajamento em funções que variam, de
serviços ao consumidor a mídia social e comunidades online.
Os profissionais de marketing para
o futuro devem ser eficientes, liderar conectando, inspirando, focando e
organizando com base na agilidade.
Precisará ter expertise em funções de marketing tradicional e comunicação,
pesquisa de mercado, Inteligência competitiva, planejamento de mídia e assim por diante.
Observa-se que, essas competências
não existem. Oferecer cursos para novas
equipes e ensinar habilidades dirigidas, são somente o
preço do ingresso, as melhores organizações de marketing como Coca-Cola, Unilever
e a empresa japonesa de cosméticos Shiseido, investem em cursos dirigidos para
marketing interno, para criar uma
linguagem única de marketing, e uma forma particular de fazer marketing.
O estudo Marketing 2020 revela o
que se deve esperar: profissionais de marketing precisam
potencializar o insight dos clientes, promover a penetração de suas marcas e dos objetivos da marca, e oferecer uma rica experiência com o
cliente.
Precisam se conectar, inspirar,
focar, organizar e construir, são poucas
as empresas que estão visualizando essas
competências para os profissionais de marketing. Isso não deve ser considerado como fator
desmotivador, mas ser um alerta que há muito
trabalho a fazer rumo ao marketing 2020.
Independente de como o marketing
comunicará sua mensagem no futuro, as motivações humanas fundamentais que
profissionais de marketing deverão priorizar, não mudarão.
Antonio Carlos Giuliani: professor e coordenador dos cursos de
Mestrado Profissional e Doutorado em Administração e MBA em Marketing e
Negociação. - UNIMEP. E-mail: giuliani.marketing@uol.com.br
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