27 de abr. de 2015

Marcas Próprias em tempo de aperto econômico

A previsão de que a inflação pode ficar  acima de 8% este ano, e com o registro da maior  taxa de  desemprego para fevereiro desde 2011 reforçam que, em épocas de baixa na economia, o consumidor tende a ficar mais atento a preço. Pesquisa do Instituto Data Popular (2015) mostra que o consumidor brasileiro acha que  a situação do País vai piorar e, por isso, pretende segurar gastos.
Como alternativa, o consumidor busca para se proteger  as  marcas alternativas mais baratas. É o momento das marcas premium buscarem uma aproximação com suas marcas alternativas. As chamadas marcas próprias ganham força novamente, muito comercializada nas décadas de 1980 e 1990, aonde a inflação chegou ultrapassar a casa dos 80%.
As marcas próprias surgiram nas cooperativas do Reino Unido em fins do século XIX, com o objetivo de atender os consumidores de baixo poder aquisitivo. Posicionados como produtos genéricos, tinham como características as embalagens simples, os preços baixos e a qualidade inferior, o que podemos chamar de primeira geração das marcas próprias, nas quais o atributo preço era o grande diferencial de compra.
Essas marcas não possuíam nome; podemos destacar entre elas as redes multinacionais Carrefour (hipermercado) e Makro (atacadista). Foi na década de 1990 que as marcas próprias ganharam notoriedade em qualidade e imagem sendo comparáveis aos líderes de mercado. Com a necessidade dos supermercados brasileiros se diferenciarem em um mercado cada vez mais competitivo, em termos de preço e qualidade adotam a  estratégia de marcas próprias.
Para melhorar a relação custo beneficio dos produtos, as companhias buscam abocanhar fatia de mercado nesses tempos de crise. Como exemplo a fabricante de bens de consumo Hypermarcas disputa mercado com as marcas premium Unilver, Johnson & Jonhnson, Procter & Gamble no segmento de fraldas, lançou  uma linha da marca Pompom  de fraldas que garante um bebê sequinho até 14 horas.
Ela não é a única que está adotando estratégias para oferecer opções que caibam no bolso do consumidor. O Grupo Pão de  Açúcar também está reagindo rapidamente na ampliação de seu portfolio de marcas próprias, especialmente para as bandeiras hipermercados Extra, voltada à classe C. A  marca Qualita oferecida desde 2008, destaca-se por um preço 15% mais baixo do que a média das lideres das categorias em que  atua.
O Extra criou duas marcas exclusivas para ser comercializado, com redução de 30% em relação  às lideres com o rótulo “Pra Valer”, oferecerá linha ampla de produtos, de alimentos a produtos de limpeza, enquanto a marca “Liss” concentrará em produtos como sabonetes líquidos e itens para manicure.
A estratégia das marcas próprias aumenta o poder do varejista diante dos concorrentes, consequentemente aumentando também sua vantagem competitiva. As marcas próprias podem contribuir para assegurar fidelidade dos consumidores à loja.
A fidelidade está relacionada à conveniência por acreditarem que esta é uma boa opção em determinado momento; em seguida, vem o aumento da lucratividade uma vez que são mais atrativas, não só do ponto de vista de preço, mas também porque estão sempre presentes nas gondolas. Esses pontos de vantagens nos levam a indagar:
Poderia a estratégia de marcas próprias ser consideradas uma estratégia proativa ou defensiva de marketing?
Pode-se  atribuir  como uma estratégia proativa de marketing, pois visa ampliar e diferenciar a cobertura das áreas geográficas, em que se encontram localizadas as lojas, permitindo exercer pressão sobre a indústria fornecedora do produto líder, e servindo também como uma extensão de estratégia de posicionamento de produtos oferecidos. 
No mercado brasileiro elas representam 5% do total, enquanto no Reino Unido, chegam a 40%, la fora a expansão também se deu em momentos de crise. São vários os pontos positivos para o varejo utilizar-se da estratégia de marcas próprias, propiciando uma maior independência das marcas líderes: ela aumenta o poder de barganha com os fornecedores líderes do mercado, e o varejo pode fugir de alguns oligopólios em algumas categorias de produtos.
Mas é bom saber que o sucesso de uma marca própria não depende exclusivamente do processo fabril; ele vai desde a escolha do fornecedor, do produto, embalagem, até o momento de lançar o produto no ponto de venda. Finalmente, as marcas próprias têm uma reputação de serem inferiores às marcas dos fabricantes; embora os consumidores estejam em busca de valor, eles  querem qualidade, mas nesse momento de nossa  economia, é importante refletir sobre estratégias alternativas para  manter market share (participação de mercado).

A personalidade de sua marca própria, deve ser compreendida como a soma dos benefícios gerados pelo próprio produto, sua embalagem, preço, imagem, ou seja, você deve levar em consideração os outros componentes do marketing mix, procure responder se o que a sua marca oferece é exatamente o que o seu alvo está buscando.

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